Fontes da cúpula das Forças Armadas confirmaram que a área militar do governo federal decidiu suspender temporariamente projetos estratégicos rejeitados por “questões ideológicas” no Palácio do Planalto. A medida, discutida em reuniões internas nas últimas semanas, reflete avaliação de integrantes do Alto Comando sobre o cenário político atual.
Segundo interlocutores do Exército ouvidos sob condição de anonimato, prevalece entre generais a percepção de que o atual governo dificilmente será renovado nas eleições de 2026. “Esse governo já acabou. Vamos esperar o próximo”, declarou um oficial de alto escalão, acrescentando que a orientação é “esperar ar” diante das limitações impostas.
Os projetos engavetados – não detalhados oficialmente – envolvem modernização de equipamentos e reestruturações logísticas. Militares atribuem o bloqueio a resistências da ala política do Planalto, que priorizaria agendas não alinhadas às demandas castrenses. Há ainda críticas a “boicotes deliberados” e restrições orçamentárias, com cortes que atingiram 28,6% do orçamento de Defesa em 2024 frente ao ano anterior.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, é visto como “empenhado” na busca de alternativas no Congresso, segundo as fontes, mas sem perspectivas de solução no curto prazo. “Ele luta com as armas que tem, mas o cenário não mudará”, afirmou outro militar.
A avaliação sobre 2026 baseia-se em pesquisas internas e no desgaste do governo, cuja aprovação oscila entre 32% e 38% em levantamentos recentes. A última vez que projetos militares foram suspensos por razões semelhantes ocorreu em 2021, durante o governo anterior.
O Ministério da Defesa não se manifestou oficialmente sobre o assunto. O Palácio do Planalto, por meio de sua assessoria, negou “qualquer bloqueio ideológico” e afirmou que “restrições orçamentárias obedecem a diretrizes macroeconômicas”.
Contexto adicional:
Em fevereiro, o Comando da Aeronática cancelou a compra de 12 caças F-5 usados do Jordão após veto da equipe econômica.
O Exército aguarda desde 2023 liberação de R$ 2,1 bilhões para o projeto Obus 105mm, essencial para sua artilharia.
A Marinha teve adiado o programa de submarinos nucleares, previsto para receber investimento de R$ 10 bi até 2030.